quinta-feira, 29 de julho de 2010

Me entristece...


img da Frida, copiada no blog da Marta que sempre publica imgs bacanas!


Aconteceu em Campinas um assassinato resultado de preconceito. Falar que o sujeito que agrediu Camilly tentou matá-la é amenizar a repulsão que resulta em violência e morte não somente com travestis, mas como sabemos, com mulheres, negros, índios, entre tantas outras pessoas na margem ou excluídas nesta sociedade hipócrita e podre!!!

Veja o blog do Deco Ribeiro! Parabéns por tantas denúncias e participação nesta luta contra os preconceitos! Feliz pela existência de pessoas como você! TRANSFOBIA: NOTÍCIA AQUI

Veja tambem no blog do Deco a manifestação via nota pública da Presidência da República.

Hoje mesmo conversara com minha mãe sobre a falta de argumentos quando algumas pessoas não procuram conhecer, saber mais do que já aprenderam. Falta argumentos quando aquilo que acreditava parecia tão natural, tão verdadeiro. Quando alguém questiona, ou pior, aponta as contradições dessas crenças naturais e verdadeiras, provoca no outro uma sensação de insegurança, de impotência. Desta impotência muitos reagem com violência! É o grito, é o tapa, é a morte! E em muitos casos tudo fica fica resolvido, calado, inquisitoriamente arquivado!

Denuncie!

Questione sempre tudo aquilo que lhe parece natural e verdadeiro! Aceite a capacidade de mudança! Aceite que não somos seres imutáveis! Aceite que podemos ser aquilo que desejamos!

A todos sugiro: faça amor!!! Fale menos e faça! Se disponha a fazer amor, não seja hipócrita! Viva!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

E os ruralistas agradecem!


De um lado, destruir, do outro, conservar.

Cada uma destas palavras não implicam em mero significado que podemos consultar num dicionário, o que não quero dizer que com "mero" o dicionário simplifica ou não é importante. Pelo contrário, quero salientar que devemos nos atentar para os discursos e as forças envolvidas nestas palavras. Nenhuma palavra "significa um único caminho". As palavras são carregadas de conteúdos até virem a ser tratadas então como conceitos. Estes também, para alguns, podem parecer fechados. Foram fechados séculos antes deste que vivemos. Do "universo fechado passamos ao universo infinito" e a física hoje pode nos esclarecer muito. Então, não sejamos ingênuos!

Não sejamos ingênuos com as palavras!!!

O assunto é: mudança no código florestal.

Não é preciso pesquisar muito para visualizar que as discussões no senado têm como apoio fundamental, no quesito mudança, da senadora Kátia Abreu. Essa mudança parte da premissa de que o Brasil precisa expandir àreas cultiváveis (o projeto foi votado e aprovado o relato de Aldo Rebelo no Congresso, do qual o representante mor dos ruralistas é Luiz Carlos Heinze, PP-RS, mas eu quero falar da Kátia Abreu!).

Vou me limitar a um discurso, que pode ser consultado nos textos da senadora, que proferiu quando participou das discussões na COP15 (vai lá no site dela), sobre a qual, não precisamos comentar além do fracasso dos acordos para "conservar", "preservar", "recuperar", o que resta de recursos naturais. A senadora, representante do estado de Tocantins, profere que os habitantes do Planeta Terra estão se alimentando melhor! Pasmem!

Estamos nos alimentando melhor!?!?

Para a senadora, a COP15 foi uma repetição de erros do Protocolo de Kyoto! Erros!?!

Ela salienta que cortar ou reduzir emissões de carbono "trata-se de dolorosa opção econômica que implica a substituição de energia abundante e barata por fontes alternativas muito mais caras e tecnologicamente ainda inseguras e incipientes".

Claro que dolorosa opção econômica, né?! Lucros a longo prazo? Diminuição de lucros ou nenhum lucro? Não, né?! Ninguém quer sobreviver ou viver bem em prol de um "bem comum" num sistema capitalista; isso é ingênuo, né?! É preciso lucrar para acumular e, assim, esbanjar e expor a "beleza" do efêmero, do luxo, comumente, desnecessário, até porque não pode ser compartilhado ou desfrutado pela maioria!!! Mas não vou aqui discutir o caráter simbólico do desfrute do luxo!

Bom, a senadora aponta fontes mais caras! Meu notebook custou 1.600 há 2 anos e esse é o preço de tecnologias mais avançadas hoje! Eu pretendo substituir minhas lâmpadas por led tão logo essa tecnologia se expanda!!!!

Oras! Tecnologias menos agressoras são mais caras hoje, mas devem ser desenvolvidas!

Caro é o seu salário, cara senadora!!! Seus almoços, sua diária, todo o seu trabalho é sustentado por finanças públicas e o meu salário de professora é bem gasto com livros que eu mesma pago! As viagens que faço em prol de projetos que melhorem o ensino, em prol de discussões que promovam a defesa de direitos civis e humanos são custeados pelo meu salário bastante inferior ao seu! Quem é mais cidadão!?

Mas não são cidadãos que decidem não é mesmo?!

Enquanto as discussões rolam desgovernadas, a maioria da população se comove com o discurso de que as mudanças visam garantir alimentos! Pasmem! Os números assustam, a população vai aumentar, mas p*** há indústrias ou não!?

Você acha mesmo que o problema da fome no Brasil é terra cultivável?

Apesar deste desabafo reducionista (por questão de tempo), chega de ingenuidade!

Leia a carta escrita pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ao relator do projeto que prevê mudança no código florestal, Aldo Rebelo.

Trecho:

"O Brasil já é uma potência agrícola, mas deve ser observado que o paradigma predominante em outras potências agrícolas do mundo desenvolvido é o do aumento da produtividade e não da expansão das fronteiras agrícolas. A competitividade se dá no terreno de maior inserção de ciência e tecnologia na produção e maior agregação de valor nas cadeias produtivas agrícolas e pecuárias.

Paralelamente, o Brasil ainda preserva grandes áreas intactas que abrigam uma extensa gama de formas de vida, caracterizando o país como detentor de uma megabiodiversidade. Portanto, o país tem a chance única na história de conciliar uma agricultura altamente desenvolvida com vastos ecossistemas naturais preservados e ou conservados que produzem uma gama de serviços ambientais dos quais a própria agricultura depende, dentre eles se destacam a manutenção da fertilidade dos solos e suas propriedades físicas e a produção e sustentabilidade dos regimes hídricos dos ecossistemas".

Um video muito bom, animação, para repensarmos nossos valores e a potencialidade do nosso papel como cidadão! Vi no Ciência Hoje:

Coalition of the Wiling

Originalmente divulgado aqui.

O Brasil pode e, muito provavelmente, vai crescer economicamente! Muitos estarão empregados, teremos trabalho... mas estaremos preparados para as futuras crises? Me cansa perceber que para a maioria das pessoas se mantem a falsa sensação de harmonia!

LIVRE EXPRESSÃO DO AMOR




Campanha já propagandeada na revista eletrônica

Vipado

e no Unit Blog

da ASSOCIAÇÃO CULTURAL MIX BRASIL

EU TAMBÉM APOIO A "LIVRE EXPRESSÃO DO AMOR E O DIREITO UNIVERSAL DO CASAMENTO"

terça-feira, 13 de julho de 2010

The Name

Banda que ouvi AO VIVO, conheci recentemente, em Maringá.

Hoje, clipe novo na MTV!

Vale a pena conhecer todo o trabalho!

Neste DIA DO ROCK eu indico...



THE TROOGS

WILD THING

Quem quer ser um ciborgue!!!


Eu já me impressionara com uma reportagem, se não me engano, do Marcelo Leite, na Revista Veja - essa porcaria monopolizadora em consultórios - sobre a manipulação do grafite: GRAFENO.

E hoje saiu uma reportagem sobre o grafeno no Meio Bit! Será, possivelmente, o fim do silício!

Se as pesquisas com o uso do grafeno para conduzir energia, se consumará os processadores cada vez menores, e, como publicado na Piauí, que poderão ser introduzidos numa célula sanguínea.

"Um computador que ocupava todo um prédio na década de setenta, hoje cabe no bolso. Em 2025 irá saber em uma célula sanguínea.
Num dia qualquer de 2029, poderemos comprar nas lojas de eletrodomésticos, ou mesmo pela internet, computadores milhares de vezes mais potentes que o nosso cérebro por pouco menos de mil dólares.
Por volta de 2040, teremos máquinas cujas capacidades serão milhões de vezes maiores que o cérebro humano, competindo em pé de igualdade com gente de carne e osso em muitas de nossas atividades profissionais".



Pois é, ciborgue não será mais objeto somente de filmes de ficção científica!!

Quer ser um ciborgue?

Talvez a maioria das pessoas aceitarão de bom grado ser um ciborgue! Afinal, muitos precisam "resetar"!!!

Ou seja, "nasce de novo!" rsrs

img copiada do Capacitor Fantástico, um site bem legal!!

Neste DIA DO ROCK eu indico...


ROCKZ

ESSA MULHER

Neste DIA DO ROCK eu indico...


MOPTOP

LEVE DEMAIS


img copiada de um site legal Rock n'Beats

Tá em Goiânia?! Participe!


Associação da Parada de Goiás

Resfolegando com as palavras politicamente desnecessárias....

Resfolegando com as palavras politicamente desnecessárias....

Neste DIA DO ROCK eu indico...


LED ZEPPELIN

CAROUSELAMBRA

Neste DIA DO ROCK eu indico...


THE STOOGES

I WANNA BE YOUR DOG

Neste DIA DO ROCK eu indico...


TITÃS

CABEÇA DINOSSAURO

Neste DIA DO ROCK eu indico...


JEFFERSON AIRPLANE

VOLUNTEERS

Neste DIA DO ROCK eu indico...


OZZY OSBOURNE

PURPLE HAZE

Neste DIA DO ROCK eu indico...


DEEP PURPLE

CHILD IN TIME

Neste DIA DO ROCK eu indico...


THE DOORS

LOVE ME TWO TIMES

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Assassinato



Não permita a veiculação de piadas ou de deturpação sobre situações horrendas!
Não permita as manipulações sobre questões fundamentais...
Não se justifica um crime como este assassinato com explicações deturpadoras!
Tudo se explica, mas não se justifica! (como já disse Saramago no videodocumentario Janela da Alma).
Não se justifica!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Aborto: repense

Você gostaria de gerar um produto de violência sexual?
Permitiria isto à um ser humano de 9 anos?

Assista este documentário, aconteceu em Alagoinha, 200 e tantos quilômetros de Recife.


Direito & Saúde: o caso de Alagoinha (titles in english) from Universidade Livre Feminista on Vimeo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago

Grande trabalho!

Conheçam o filme documentário de João Jardim, "Janela da Alma". Saramago apresenta seu brilhantismo ao refletir sobre a visão que temos do mundo.

Conta que um dia estava num restaurante em Lisboa, sozinha, e pensou: e se fôssemos todos cegos? No segundo seguinte, como ele mesmo diz, se respondeu: mas estamos todos cegos! Cegos da razão, cegos da sensibilidade. Cegos de tudo aquilo que faz de nós não um ser razoavelmente funcional no sentido das relações humanas, mas ao contrário, é um ser agressivo, egoísta, um ser violento. Isso é o que nós somos! E o espetáculo que o mundo nos oferece é precisamente esse, um mundo de desigualdade, um mundo de sofrimento, sem justificação. Ou pior, com explicação, podemos explicar o que se passa, mas não tem justificação!

E a parte do filme que considero mais brilhante:

"O que eu acho é que nós nunca vivemos tanto na caverna de Platão como hoje. Hoje é que estamos a viver de fato na caverna de Platão. Porque as próprias imagens que nos mostram na realidade, de uma maneira substituem a realidade. Nós estamos num mundo que chamamos audiovisual, nós estamos efetivamente a repetir a situação das pessoas aprisionadas, acorrentadas na caverna de Platão, olhando em frente, vendo sombras e acreditando que essas sombras são realidade. Foi preciso passarem todos esses séculos para que a caverna de Platão aparecesse finalmente num momento da história da humanidade que é hoje! E vai ser, e vai ser cada vez mais!"

Vale a pena conhecer!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Banksy film !!!






Estou no aguardo!!

http://www.banksyfilm.com/

Quem souber de algo mais repasse please!

Você que é mais feliz com a Copa do Mundo...



Indiscutivelmente informativa com qualidade a reportagem da revista Piauí "A Copa do Cabo ao Rio". (Não somente esta reportagem, quem me conhece já sabe o gosto que tenho por esta revista!)

Ninguém comenta as corrupções e abusos políticos e econômicos decorrentes da organização Fifa. Pesquisas demonstraram que há um retorno é simbólico...

"Os estudiosos sustentam que os países-sede têm de arcar com os prejuízos e com a manutenção de obras, mas elas quase nunca são reaproveitadas depois que a festa acaba. É praticamente impossível, dizem, recuperar os investimentos feitos para preparar o campeonato.
No aspecto imaterial, as perspectivas são melhores. Os dezoito ensaios afirmam que os maiores legados para as nações que organizam megaeventos esportivos são a exposição midiática, a melhoria na imagem internacional e o aumento da autoestima popular".

Economistas constataram "sai mais barato construir as obras de que o país precisa do que gastar bilhões em um evento cujo objetivo é beneficiar patrocinadores e organizadores".

Há que se valorizar a cultura do futebol - eu não valorizo! - no entanto, esta valorização deveria considerar benefícios fundamentais, como os que o país, sede da copa 2010 desejava.

Desejavam o aproveitamento do estádio em Athlone, subúrbio, com capacidade para 30 mil torcedores. "As autoridades vislumbraram a possibilidade de, finalmente, criar empregos na periferia da segunda maior cidade do país. A ideia era aproveitar o evento para pavimentar avenidas, construir novas casas, reformar as antigas, incrementar o transporte público".

Mas, como apresentado na interessantíssima reportagem da revista Piauí, "Ao visitar o estádio, no entanto, a comitiva estava mais interessada no público global da Copa do que na particularidade nacional. 'Os bilhões de espectadores não querem ver favelas e pobreza pela televisão', disse um dos inspetores da Fifa ao jornal Mail & Guardian".

E milhões de recursos públicos passam a ser gastos na construção de novo estádio entre outras estruturas.

Anunciou-se a construção de um novo estádio, com 68 mil lugares, num dos bairros mais ricos da Cidade do Cabo.

"O estádio Green Point foi erguido entre o mar e a Table Mountain, o cartão postal da cidade. Ele está a cinco minutos a pé do luxuoso centro comercial Victoria & Alfred Waterfront e faz fronteira com um campo de golfe. A área, que era uma das poucas reservas verdes da cidade, foi substituída pela faraônica arena em forma de banheira e estacionamentos a perder de vista. Financiada com dinheiro público, a obra custou 1,1 bilhão de reais, quase quatro vezes mais do que o previsto. 'Ou era isso ou não tinha Copa', argumentou o vice-prefeito Ian Nielson, quando o estádio foi licitado".

Como diz um ditado já comum: é de cair o cu da bunda!!! Leia isso:

"Ainda assim, como escreveu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, 'a Fifa é o fmi do futebol'. Poucas instituições internacionais são tão poderosas, ricas e fechadas quanto a que organiza os campeonatos de futebol mundo afora. Ela é responsável pela comercialização de qualquer produto ligado ao futebol profissional, patrocínios e direitos televisivos. Está no centro de um mercado que movimenta 250 bilhões de dólares anualmente. No ano passado, faturou 1 bilhão de dólares com um lucro líquido de quase 200 milhões de dólares. Só com a Copa da África do Sul, ganhou 3,8 bilhões de dólares.

Os 24 membros do comitê executivo da entidade gastam seu tempo viajando pelo mundo, inspecionando estádios e times, negociando com Estados e multinacionais, articulando alianças com lideranças locais e nacionais. Além de hotéis cinco estrelas, passagens de primeira classe, Mercedes pretas com motoristas, eles têm despesas autorizadas de até 500 euros diários. Avalia-se que recebam honorários próximos de 50 mil dólares, enquanto o salário do secretário-geral chegaria ao dobro. Os ganhos e despesas do presidente da Fifa nunca foram divulgados. A renovação no comitê é baixíssima. A maioria dos cartolas está no cargo há pelo menos quinze anos".

Aaaahhhh!! Não deixe de ler aqui

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Moralismo é normal...



Ontem um colega de trabalho, professor, comentou, seriamente (parecia um tanto preocupado até), ao conversarmos sobre drogas - afinal, eu uma boa consumidora de cafeína, ele de um farmaco, que não admite chamar de droga, e outros tantos professores consumidores de Rivotril® -, que dois alunos, graduandos, eram traficantes!!!

Eu, sinceramente, tive pena do preconceito sobre os fumeiros! rs Infelizmente, a maconha, sendo uma droga ilícita, coloca os fumeirinhos no mesmo posto: traficantes, marginais (que, obviamente, se tornam, se se revelam), enquanto os farmacos, antidepressivos, sedativos em geral tomam conta das receitas àqueles que procuram aliviar quaisquer tensões!

Minha mãe, certo dia, falou dos "maconheiros" que tentaram agredir policiais, depredar o carro da PM aqui em Goioerê! "Mas por que mãe?" "Ah, mataram um muleque."

Ah!!!! Então, porque maconheiros violentos, e não, revoltosos perante possível abuso de autoridade!

Aquém esses preconceitos, falar sobre eles então...

Eu discuto sobre isso e sou, rapidamente, taxada como legalizadora da maconha!

Eu questiono as instituições religiosas e sou taxada como atéia!

Pasmem nossos moralistas!!!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A influência do belo de Barros

Segundo o @blogdorigon o prefeito adiantou a demolição!!
Mas, hoje, agora???


crédito da img na própria

E vai rolar uma manifestação, iniciativa do Fórum Maringaense pelo Direito à Cidade que tem como integrante a socióloga Ana Lúcia Rodrigues, também do Observatório das Metrópoles, de quem recebo informações sobre o trabalho desta organização.

Será nesta sexta, 28 de maio de 2010 frente à antiga rodoviária, mesma que o Barros acha feia e que, por isso, deve ser demolida.

Ai poder da caneta!!!

Nem Freud explica!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Nem tudo é o que parece...



Quando alfabetizada lia o que estava ao meu alcance: o jornal da minha pequena cidade natal e um outro maiorzinho que a cidade inteira assina, tradicionalmente. Logo, meu irmão pegou na minha mão e fez a minha carteirinha da biblioteca municipal e li bastante leituras comuns, infantis e, logo, a famosa coleção Vaga-lume.

Os clássicos da literatura brasileira só devido à indicação da professora e, claro, os brindes para os que acumulavam páginas na listinha que fazíamos. Eu gostava de ler, mas era mecânico, tanto quanto eu achava que gostava de matemática. Até os 17 pensava em ser engenheira.

Mas nunca me esquecerei daquele livro posto nas minhas mãos aos 12 ou 13, não me lembro muito bem. Era Gabriel Garcia Marquez! "Do amor e outros demônios". Nossa! Acho que foi no lançamento do livro que uma colega, amiga do meu irmão, me repassou! Apaixonante!

Contrário à tão brilhante literatura, eu lia na casa de uma amiga um jornal mais renomado, e mesmo considerado intelectualizado! Ah! Eles pareciam ser mesmo uma família mais informada, mais antenada! Eu passava a vista naquele grande jornal! Quanto conteúdo! E folheava aquela revista! Quanta informação!

É incrível como encontro pessoas que dizem não gostar de ler!
Elas não conhecem o gosto!

Não fui fazer engenharia, nem sabia o que queria, nem sabia se ler era um gosto ou um hábito desenvolvido pelas páginas somadas na listinha da escola...
Hoje tento refletir sobre o que sou e penso que não pensei sobre muito do que li - quando não muito, mal pensei sobre tanto do que fiz...

Bom, pensei nisso tudo, por conta de um mail recebido... mais um impasse com a revista Veja!
Pensei... desenvolvi meu "passar a vista" pela revista Veja sem satisfação!
Suas reportagens raramente proporcionaram adicionar conteúdos informativos à minha medíocre mente!
Na verdade, me irritavam pelo vazio, quando muito rápidas indicações "essenciais", do tipo que fazem a gente se perguntar: mas será isso mesmo?!

Pois é... para a maioria da população brasileira que lê a revista Veja não há esse será? Há tão somente o "nossa!!!" E assim, um conjunto de crenças, mais medíocres que a minha ingrata mente medíocre é capaz de aceitar, é construído!

Para mim, e este texto expressa não mais que a minha opinião, boa parte das conversas no cotidiano é resultado desse processo, sobre o qual posso mesmo chamar de sociocultural! O povo brasileiro acredita - facilmente talvez não seja, mas rapidamente e tranquilamente - nos "vômitos" e "escarros" publicados na revista Veja!

Há um exemplo que tomou conta da visão da "população Veja", a crença do "o MST é tudo bandido!"
Tem uma frase que vive na ponta da minha língua e gostaria que as pessoas começassem a pensar: "a coisa é mais complexa!"
E mais recentemente, teremos mais uma onda de extermínio, auxiliada pela formadora e tão didática revista Veja, das populações indígenas.

A minha medíocre mente assume o desejo pessimista de existir e só sobreviverá graças à capacidade e meu grande esforço na ironia!!!

Recebo e transcrevo partes da carta de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, sobre situação "complexa" com a revista Veja! E transcrevo por fazer, tantas vezes, questionamento como o de Viveiros de Castro: "Será que o Brasil algum dia vai se tornar mesmo um grande Estados Unidos, como quer a Veja? Será que teremos de viver em um ambiente cultural que não é aquele onde nascemos e crescemos?"

Aos Editores da revista Veja:

Em resposta à mensagem que enviei à revista Veja no dia 01/05, denunciando a imputação fraudulenta de declarações que me é feita na matéria "A farra da antropologia oportunista" , o site Veja.com traz ontem uma resposta com o título "No Brasil, todo mundo é índio, exceto quem não é". Ali, os responsáveis pela revista, ou pela resposta, ou, pelo jeito, por coisa nenhuma, reincidem na manipulação e na mentira; pior, confessam cinicamente que fabricaram a declaração a mim atribuída.

Em minha carta de protesto inicial, sublinhei dois pontos: "(1) que nunca tive qualquer espécie de contato com os responsáveis pela matéria; (2) que não pronunciei em qualquer ocasião, ou publiquei em qualquer veículo, reflexão tão grotesca, no conteúdo como na forma".

Veja contesta estes pontos com os seguintes argumentos:

(1) "Sua primeira afirmação não condiz com a verdade. No início de março, VEJA fez contato com Viveiros de Castro por intermédio da assessoria de imprensa do Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde ele trabalha. Por meio da assessoria, Viveiros de Castro recomendou a leitura de um artigo seu intitulado "No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é", que expressaria sua opinião de forma sistematizada e autorizou VEJA a usar o texto na reportagem de uma maneira sintética."

Respondo: é falso. A Assessoria de Imprensa do Museu Nacional telefonou-me, talvez no início de março (não acredito mais em nada do que a Veja afirma), perguntando se receberia repórteres da mal-conceituada revista, a propósito de uma matéria que estariam preparando sobre a situação dos índios no Brasil. Respondi que não pretendia sofrer qualquer espécie de contato com esses profissionais, visto que tenho a revista em baixíssima estima e péssima consideração. Esclareci à Assessoria do Museu que eu tinha diversos textos publicados sobre o assunto, cuja consulta e citação é, portanto, livre, e que assim os repórteres, com o perdão da expressão, que se virassem. Não "recomendei a leitura" de nada em particular; e mesmo que o tivesse feito, não poderia ter "autorizado Veja" a usar o texto, simplesmente porque um autor não tem tal poder sobre trabalhos seus já publicados. Quanto à curiosa noção de que eu autorizei a revista, em particular, a "usar de maneira sintética" esse texto, observo que, além de isso "não condizer com a verdade", certamente não é o caso que esse poder de síntese de que a Veja se acha imbuída inclua a atribuição de sentenças que não só se encontram no texto em questão, como são, ao contrário e justamente, contraditas cabalmente por ele. A matéria de Veja cita, entre aspas, duas frases que formam um argumento único, o qual jamais foi enunciado por mim. Cito, para memória, a atribuição imaginária: "Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente cultural original" . Com isso, a revista induz maliciosamente o leitor a pensar que (1) a declaração foi dada de viva voz aos repórteres; (2) ela reproduz literalmente algo que disse. Duas grosseiras inverdades.

Veja contesta o segundo ponto com o argumento:

(2) "Também não condiz com a verdade a afirmação feita por Viveiros de Castro no item (2) de sua carta. A frase publicada por VEJA espelha opinião escrita mais de uma vez em seu texto ("Não é qualquer um; e não basta achar ou dizer; só é índio, como eu disse, quem se garante" e "pode-se dizer que ser índio é como aquilo que Lacan dizia sobre ser louco: não o é quem quer. Nem quem simplesmente o diz. Pois só é índio quem se garante")." Ato contínuo, a revista dá o texto na íntegra, repetindo que eu a autorizei a usar o texto "da forma que bem entendesse".

(Veja o link para meu texto: "No Brasil, todo o mundo é índio, exceto quem não é").

Pela ordem. Em primeiro lugar, essa resposta da revista fez desaparecer, como num passe de mágica, a frase propriamente afirmativa de minha suposta declaração, a saber, a segunda (Só é índio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original"), visto que a primeira (Não basta dizer que é índio etc.) permanece uma mera obviedade, se não for completada por um raciocínio substantivo. Ora, o raciocínio substantivo exposto em meu texto está nas antípodas daquele que Veja falsamente me atribui. A afirmação de Veja de que eu a autorizara a "usar" o texto da forma que ela "bem entendesse" parece assim significar, para os responsáveis (ou não) pela revista, que ela poderia fabricar declarações absurdas e depois dizer que "sintetizavam" o texto. Esse arrogamente "da forma que bem entendesse" não pode incluir um fazer-se de desentendido da parte da Veja.

Reitero que a revista fabricou descaradamente a declaração "Só é indio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original". Se o leitor tiver o trabalho de ler na íntegra a entrevista reproduzida em Veja.com, verá que eu digo exatamente o contrário, a saber, que é impossível de um ponto de vista antropológico (ou qualquer outro) determinar condições necessárias para alguém (uma pessoa ou uma coletivdade) "ser índio". A frase falsa de Veja põe em minha boca precisamente uma condição necessária, e, ademais, absurda. Em meu texto sustento, ao contrário e positivamente, que é perfeitamente possível especificar diversas condições suficientes para se assumir uma identidade indígena. Talvez os responsáveis pela matéria não conheçam a diferença entre condições necessárias e condições suficientes. Que voltem aos bancos da escola.

A afirmação "só é índio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original" é, repito, grotesca. Nenhum antropólogo que se respeite a pronunciaria. Primeiro, porque ela enuncia uma condição impossível (o contrário de uma condição necessária, portanto!) no mundo humano atual; impossível, na verdade, desde que o mundo é mundo. Não existem "ambientes culturais originais"; as culturas estão constantemente em transformação interna e em comunicação externa, e os dois processos são, via de regra, intimamente correlacionados. Não existe instrumento científico capaz de detectar quando uma cultura deixa de ser "original", nem quando um povo deixa de ser indígena. (E quando será que uma cultura começa a ser original? E quando é que um povo começa a ser indígena?). Ninguém vive no ambiente cultural onde nasceu. Em segundo lugar, o "ambiente cultural original" dos índios, admitindo-se que tal entidade exista, foi destruido meticulosamente durante cinco séculos, por epidemias, massacres, escravização, catequese e destruição ambiental. A seguirmos essa linha de raciocínio, não haveria mais índios no Brasil. Talvez seja isso que Veja queria dizer. Em terceiro lugar, a revista parte do pressuposto inteiramente injustificado de que "ser índio" é algo que remete ao passado; algo que só se pode ou continuar (a duras penas) a ser, ou deixar de ser. A idéia de que uma coletividade possa voltar a ser índia é propriamente impensável pelos autores da matéria e seus mentores intelectuais. Mas como eu lembro em minha entrevista original deturpada por Veja, os bárbaros europeus da Idade Média voltaram a ser romanos e gregos ali pelo século XIV -- só que isso se chamou "Renascimento" e não "farra de antropólogos oportunistas" . Como diz Marshall Sahlins, o antropólogo de onde tirei a analogia, alguns povos têm toda a sorte do mundo.

E o Brasil, será que temos toda a sorte do mundo? Será que o Brasil algum dia vai se tornar mesmo um grande Estados Unidos, como quer a Veja ? Será que teremos de viver em um ambiente cultural que não é aquele onde nascemos e crescemos? (Eu cresci durante a ditadura; Deus me livre desse ambiente cultural). Será que vamos deixar de ser brasileiros? Aliás, qual era mesmo nosso ambiente cultural original?

Grato mais uma vez pela atenção

Eduardo Viveiros de Castro
antropólogo - UFRJ



Recebi mais tarde, 05/maio/2010

Nota da Diretoria da ABA sobre matéria publicada pela revista Veja (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010)

Frente à publicação de matéria intitulada "A farra da antropologia oportunista" (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010), a diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em nome de seus associados, clama pelo exercício de jornalismo responsável, exigindo respeito à atuação profissional do quadro de antropólogos disponível no Brasil, formados pelos mais rigorosos cânones científicos e regidos por estritas diretrizes éticas, teóricas, epistemológicas e metodológicas, reconhecidas internacionalmente e avaliadas por pares da mais elevada estatura cientifica, bem como por autoridades de áreas afins.
A ABA reserva-se ao direito de exigir dos editores da revista semanal Veja que publique matéria em desagravo pelo desrespeito generalizado aos profissionais e acadêmicos da área.

Nota da Comissão de Assuntos Indígenas-CAI/ABA

A reportagem divulgada pelo último número da revista Veja, provocativamente intitulada “Farra da Antropologia oportunista”, acarretou uma ampla e profunda indignação entre os antropólogos, especialmente aqueles que pesquisam e trabalham com temas relacionados aos povos indígenas. Dados quantitativos inteiramente equivocados e fantasiosos (como o de que menos de 10% das terras estariam livres para usos econômicos, pois 90% estariam em mãos de indígenas, quilombolas e unidades ambientais!!!) conjugam-se à sistemática deformação da atuação dos antropólogos em processos administrativos e jurídicos relativos a definição de terras indígenas.

Afirmações como a de que laudos e perícias seriam encomendados pela FUNAI a antropólogos das ONGs e pagos em função do número de indígenas e terras “identificadas” (!) são obviamente falsas e irresponsáveis. As perícias são contratações realizadas pelos juízes visando subsidiar técnica e cientificamente os casos em exame, como quaisquer out ras perícias usuais em procedimentos legais.

Para isto o juiz seleciona currículos e se apóia na experiência da PGR e em consultas a ABA para a indicação de profissionais habilitados. Quando a FUNAI seleciona antropólogos para trabalhos antropológicos o faz seguindo os procedimentos e cautelas da administração pública. Os profissionais que realizam tais tarefas foram todos formados e treinados nas universidades e programas de pós-graduação existentes no país, como parte integrante do sistema brasileiro de ciência e tecnologia.

A imagem que a reportagem tenta criar da política indigenista como uma verdadeira terra de ninguém, ao sabor do arbítrio e das negociatas, é um absurdo completo e tem apenas por finalidade deslegitimar o direito de coletividades anteriormente subalternizadas e marginalizadas.
Não há qualquer esforço em ser analítico, em ouvir os argumentos dos que ali foram violentamente criticados e ridicularizados.

A maneira insultuosa com que são referidas diver sas lideranças indígenas e quilombolas, bem como truncadas as suas declarações, também surpreende e causa revolta. Subtítulos como “os novos canibais”, “macumbeiros de cocar”, “teatrinho na praia”, “made in Paraguai”, “os carambolas”, explicitam o desprezo e o preconceito com que foram tratadas tais pessoas. Enquanto nas criticas aos antropólogos raramente são mencionados nomes (possivelmente para não gerar demandas por direito de resposta), para os indígenas o tratamento ultrajante é na maioria das vezes individualizado e a pessoa agredida abertamente identificada. Algumas vezes até isto vem acompanhado de foto.

A linguagem utilizada é unicamente acusatória, servindo-se extensamente da chacota, da difamação e do desrespeito. As diversas situações abordadas foram tratadas com extrema superficialidade, as descrições de fatos assim como a colocação de adjetivos ocorreram sempre de modo totalmente genérico e descontextualizado, sem qualquer indicação de fontes. Um dos antropólogos citado como supostamente endossando o ponto de vista dos autores da reportagem afirmou taxativamente que não concorda e jamais disse o que a revista lhe atribuiu, considerando a matéria “repugnante”.

O outro, que foi presidente da FUNAI por 4 anos, critica duramente a matéria e destaca igualmente que a citação dele feita corresponde a “uma frase impronunciada” e de “sentido desvirtuante” de sua própria visão. Como comenta ironicamente o jornalista Luciano Martins Costa, na edição de 03-05-2010 do Observatório da Imprensa, “Veja acaba de inventar a reserva de frases manipuladas”.

A agressão sofrida pelos antropólogos não é de maneira alguma nova nem os personagens envolvidos são desconhecidos. Um breve sobrevôo dos últimos anos evidencia isto. O antropólogo Stephen Baines em 2006 concedeu uma longa entrevista a Veja sobre os índios Waimiri-Atroari, população sobre a qual escrevera anos antes sua tese de doutoramento. A matéria não saiu, mas poucos meses depois, uma reportagem intitulada “Os Falsos Índios”, publicada em 29 de março de 2006, defendendo claramente os interesses das grandes mineradoras e empresas hidroelétricas em terras indígenas, inverteu de maneira grosseira as declarações do antropólogo (pg. 87).

Apesar dos insistentes pedidos do antropólogo para retificação, sua carta de esclarecimento jamais foi publicada pela revista. O autor da entrevista não publicada e da reportagem era o Sr. Leonardo Coutinho, um dos autores da matéria divulgada na última semana pelo mesmo meio de comunicação.

Em 14-03-2007, na edição 1999, entre as pgs. 56 e 58, uma nova invectiva contra os indígenas foi realizada pela Veja, agora visando o povo Guarani e tendo como título “Made in Paraguai - A FUNAI tenta demarcar área de Santa Catarina para índios paraguaios, enquanto os do Brasil morrem de fome". O autor era José Edward, parceiro de Leonardo Coutinho, na matéria citada no parágrafo anterior. Curiosamente um subtítulo foi repetido na matéria da semana passada - "Made In Paraguay”. O então presidente da ABA, Luis Roberto Cardoso de Oliveira, solicitou o direito de resposta e encaminhou um texto à revista, que nem sequer lhe respondeu.

Poucos meses depois a revista Veja, em sua edição 2021, voltou à carga com grande sensacionalismo. A matéria de 15-08-2007 era intitulada “Crimes na Floresta – Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças e a FUNAI nada faz para impedir o infanticídio” (pgs. 104-106). O subtítulo diz explicitamente que o infanticídio não teria sido abandonado pelos indígenas em razão do “apoio de antropólogos e a tolerância da FUNAI." A matéria novamente foi assinada pelo mesmo Leonardo Coutinho. Novamente o protesto da ABA foi ignorado pela revista e pode circular apenas através do site da entidade.

Em suma, jornalismo opinativo não pode significar um exercício impune da mentira nem práticas sistemáticas de detratação sem admissão de di reito de resposta. O mérito de uma opinião decorre de informação qualificada, de isenção e equilíbrio. Ao menos no que concerne aos indígenas as matérias elaboradas pela Veja, apenas requentam informações velhas, descontextualizadas e superficiais, assumindo as características de uma campanha, orquestrada sempre pelos mesmos figurantes, que procuram pela reiteração inculcar posturas preconceituosas na opinião pública.

No acima citado comentário do Observatório da Imprensa o jornalista Luciano Martins Costa aprendeu muito bem e expôs sinteticamente o argumento central da revista no que concerne a assuntos indígenas: “A revista afirma que existe uma organização altamente articulada que se dedica a congelar grandes fatias do território nacional, formada por organizações não governamentais e apoiada por antropólogos. Essa suposta "indústria da demarcação" seria a grande ameaça ao futuro do Brasil.” Este é o argumento constante que reúne não só a matéria da semana passada, ma s as intervenções anteriores da revista sobre o tema. Os elos de continuidade fazem lembrar uma verdadeira campanha.

Numa análise minuciosa desta revista, realizada em seu site, o jornalista Luis Nassif fala de uma perigosa proximidade entre lobistas e repórteres nas revistas classificadas como do estilo “neocon”. A presença de “reporteres de dossier” é uma outra característica deste tipo de revista. À luz destes comentários caberia atentar para a lista de situações onde a condição de indígenas é sistematicamente questionada pela revista. Aí aparecem os Anacés, que vivem no município de São Gonçalo do Amarante (onde está o porto de Pecem, no Ceará); os Guarani-M’bià, confrontados por uma proposta do mega-investidor Eike Batista de construção de um grande porto em Peruíbe, São Paulo; e os mesmos Guaranis de Morro dos Cavalos (SC), que lutam contra interesses poderosos, sendo qualificados como “paraguaios” (tal como, aliás, os seus parentes Kayowá e Nandevá do Mato G rosso do Sul, em confronto com o agro-negócio pelo reconhecimento de suas terras).

Como o objetivo último é enfraquecer os direitos indígenas (que naturalmente se materializam em disputas concretas muitas vezes com poderosos interesses privados), os alvos centrais destes ataques tornam-se os antropólogos, os líderes indígenas e os seus aliados (a matéria cita o Conselho Indigenista Missionário/CIMI por várias vezes e sempre de forma igualmente desrespeitosa e inadequada).

É neste sentido que a CAI vem expressar sua posição quanto a necessidade de uma responsabilização legal dos praticantes de tal jornalismo, processando-os por danos morais e difamação. Neste momento a Presidência da ABA, está em conjunto com seus assessores no campo jurídico, visando definir a estratégia processual de intervenção a seguir.

Dada a assimetria de recursos existentes, contamos com a mobilização dos antropólogos e de todos que se preocupam com a defesa dos direitos indígenas para , através de sites, listas na Internet, discussões e publicações variadas, vir a contribuir para o esclarecimento da opinião pública, anulando a ação nefasta das matérias mentirosas acima mencionadas. Que não devem ser vistas como episódios isolados, mas como manifestações de um poder abusivo que pretende inviabilizar o cumprimento de direitos constitucionais, abafando as vozes das coletividades subalternizadas e cerceando o livre debate e a reflexão dos cidadãos. No que toca aos indígenas em especial a Veja tem exercitado com inteira impunidade o direito de desinformar a opinião pública, realimentar velhos estigmas e preconceitos, e inculcar argumentos de encomenda que não resistem a qualquer exame ou discussão.

João Pacheco de Oliveira
Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas/CAI

Para correspondência:
Caixa Postal 04491
70.904-970
Brasília, DF
Associação Brasileira de Antropologia
Departamento de Antropologia/ICS/UnB
ICC Centro B1-349-65
Campus Universitário Darcy Ribeiro
70.910-900 Brasília, DF
Tel/Fax: (61) 3307-3754

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Biblioteca Digital Mundial



A Biblioteca Digital Mundial deu ênfase à documentos geográficos, fotografias, um conjunto de materiais sobre as culturas do mundo! Há videos com comentários de curadores!

Ainda passo um final de semana me divertindo aqui!!!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Desorganização...



mais uma img de Roberto Rosique

Não tenho conseguido organizar as minhas ideias... tenho lido poucas notícias... quando as leio ou ouço me entristeço, à exemplo da situação daquela tribo no Xingu que será alterada (a meu ver extinta) com a previsão da construção de uma hidrelétrica...
Ou ainda a situação dos homossexuais em Uganda...
Então... tento uma fase um tanto alienada!
Mas de uma alienação que tem me deixado bastante satisfeita!
Trabalhando, incessantemente, com as disciplinas Sociologia, Antropologia, História e Filosofia da Ciência, no curso de Licenciatura Plena em Ciências, também Sociologia Industrial e do Trabalho, no curso de Engenharia Têxtil, voltei a ler os clássicos entre tantas leituras realizadas durante a minha graduação, em Ciências Sociais. E tantas outras lidas no mestrado em Ensino de Ciências...
Já se passaram alguns anos do ingresso na graduação, em 2001, e muitas mudanças se deram na minha vida!
Devido ao mestrado sobre usos da internet inaugurei essa página, graças à facilidade deste sistema, pouco "mexido" devido ao tempo dedicado em outras atividades... mas muito aprendi e tenho aprendido ainda mais!
Não avancei muito nos escritos por dificuldade de concentração! Um problema que preciso resolver...
Tenho percebido que essa falta de concentração é resultante da quantidade de tarefas que assumimos, que nos responsabilizamos!
E internet pra quê!?!
De fato, a rede tem proporcionado a que trabalhemos ainda mais!
Tenho baixado livros virtuais e digitalizado partes de livros aos meus alunos!
Trabalhamos intensamente com o uso do computador!
Lemos os textos neles! Isso é bom!
Só nos falta ferramentas mais "acessíveis" para manusear, mas isso é fácil de resolver! Grana!
Enquanto tentamos juntar essa grana, trabalhamos, muito!
E, quando penso nisso, volto ao início dessa conversa, o entristecer...
Enquanto nossos representantes políticos agem, não somente administrativamente, em prol dos seus próprios interesses particulares, mesquinhos e fantásticos (luxos insustentáveis), nos fazem trabalhar para não termos tempo de nos questionar sobre estas e tantas atitudes...
Li ontem que a possível vice-candidata do Serra será Kátia Abreu...
Há quem acredite em sustentabilidade, mas Kátia Abreu é representante dos pecuaristas, dos donos de terras, de "produtores" que acreditam sustentar sozinhos a riqueza deste país, sustentados por uma visão fisiocrática, quando não mercantil!
Kátia Abreu propõe mudanças nas leis ambientais para "flexibilizar" as ações dos latifundiários, com o argumento de que precisamos "alimentar mais, melhor e com mais prazer"!
À quem senadora! Visitem o site dela!
A COPS, em Copenhague, foi um fracasso por quê?
Me sinto iludida por mim mesma quando tento ser otimista...
Crescer hoje é tido como consumo maior e, este, é insustentável!
Crescer economicamente e a curto prazo só com indústrias e o mínimo de sustentabilidade já dá um selo verde pra empresa! Os lixos tóxicos são consumidos e descartados rapidamente e, como não os vemos mesmo... consumimos... e acreditamos em sustentabilidade...
Me assombra mesmo o pessimismo que tem tomado conta dos meus pensamentos à cada fala ouvida sobre as mais diversas questões socioeconômicas, políticas, ambientais, culturais...
Acho que ninguém lê!
Acho que nenhum de nós aprendemos história o suficiente para deixar de cometer os mesmos erros de outras "nações"!
Acho que escolhem pessoas "erradas" para acreditar, quando não louvar!
Acho que as crenças têm contribuído para grandes retrocessos!
Mas dizem por aí que elas são importantes para a espiritualidade!
Acho que estão ouvindo os discursos vazios, mas estes são contundentes!
Infelizmente são estes discursos potenciais para a fé que as pessoas tanto acreditam ser necessária para viver melhor!
No entanto, estão fechadas na sua bolha blindada culpando os "inferiores" a elas, seja financeiramente, ou moralmente (honestidade, por exemplo) como seres sem força de vontade, vagabundos, e que por isso "o Brasil não vai pra frente"!
Discursos limitados, pra não dizer vazios de sentido!
A situação é bem mais complexa!
Temos conhecimentos suficientes para ter a noção de complexidade, mas continuamos buscando uma ordem para explicar a tudo e a todos!
Aí volto a ter um pouco de otimismo!
Conhecimento!
Ah! Conhecimento!
Mas quem quer? Quem promove? Como fazer?
Ouço a tv... fecho a porta do quarto e continuo a ler Platão...

Eu e meu amigo imaginário



imagem Banksy

terça-feira, 23 de março de 2010

Caso Isabela - a espetacularização da vida alheia



Segue abaixo texto-desabafo da minha amiga Mari, profissional da área da saúde, e angustiada com o espetáculo resultante do caso Isabela.

A imagem é do artista Roberto Rosique, com título Trastorno de Conducta, da coleção El amor en los tiempos de la indiferencia.

"Para alguns, especialmente aqueles que estiveram comigo entre sexta e ontem, esse e-mail não será muita surpresa...

Mas francamente...
Sinto-me um tanto quanto ofendida com mais um episódio da espetacularização da vida alheia, com requintes de uma sádica curiosidade.

Desde sexta estou assistindo à manchetes sobre o julgamento da família Nardoni (da menina Isabela) que começou ontem... Certo! Foi uma monstruosidade, e talvez não haja vocábulos na língua portuguesa que façam jus a tamanha crueldade. Mas... vocês tem assistido aos jornais? Independente se às 7 da manhã ou às 11 da noite o assunto é sempre o mesmo! Para Psicólogos, Psiquiatras, Estudantes e Bacharéis em Direito, deve ser um prato feito, mas eu me sinto como espectadora de um filme retratando o sistema penal no século 18!!!

Recebemos informações precisas de como é formado o juri, o que acontece se alguém dormir, as artimanhas utilizadas pela defesa e acusação para conseguir condenar ou não os Nardoni... Desculpem-me pela frieza, mas a verdade é uma só. Condenando-os ou não, menina Isabela não sairá por ai e retomar sua vida de onde ela foi, brutalmente, ceifada. Além do mais, todo esse circo faz com que nós exercitemos nosso lado mais sádico e mesquinho, emitindo opiniões do tipo "É... tem que prender mesmo, até morrer", "Se fosse comigo eu matava esses dois", "Nessas horas, no Brasil, tinha que ter pena de morte". Qual a diferença entre isso e as pessoas que assistiam a julgamentos, em praça pública, com os olhos brilhando ao ver a guilhotina e gritando fervorosamente "Cortem a cabeça deles!!!!!"?????

Não entro no mérito da dor da perda, muito menos do crime em si. Minha crítica é ao sistema midiático mesmo. Não se esqueçam que estamos em ano eleitoral, com uma pausa para Copa do Mundo. Toda e qualquer forma de desviar a atenção das nossas torres gêmesas brasilienses é válida e bem vinda!

Por que não falar sobre como os profissionais de saúde são mal pagos?! Ou, como muitos idosos são mantidos em lares de "repousos" mais parecidos com masmorras do que com um lar? Ou então, as baixarias dos nossos representantes políticos, que muito falam, muito omitem, muito afanam e nada fazem?! E a seca e fome no Nordeste?! Falta de liberação de medicação básica pelas unidades básicas de saúde?!

É... tudo isso dá trabalho, envolve muita reflexão, mexer em esferas político-sociais muito complexas... Pra quê, não é verdade?!
Vamos nos divertir às custas da desgraça alheia, e nos diferenciarmos da grande parte analfabeta e semi-analfabeta da população pelos nossos diplomas, e engrossemos o coro dos bestializados brasileiros....

Mas é ano de Copa!

Coragem meus amigos... coragem!!!!

Boa semana a todos.
Beijo Mari"

terça-feira, 9 de março de 2010

AI O CÉREBRO!!!

PORQUE MENTE É TUDO!!!
BASTA UM CHEEEERO! HEHE

"cérebro feminino é capaz de reconhecer o cheiro de um homem que está atraído por ela através do suor". | Elite Tecnologica

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Geração 3D



img Escher

Uma rápida reflexão sobre uma apreciação rápida e rasteira em conversas informais. Porque blog é registro! E confio na memória virtual!!! rs

Quando ouvi dizer do sucesso de Avatar, por conta da tecnologia 3D, comentei o seguinte: logo teremos uma "geração 3D", ou seja, pessoas que vão ver e pensar os filmes de um modo diferente daquele já tradicional.

Fui fazer uma pesquisinha na rede pra saber o que há publicado sobre isso.

Bom, encontrei um artigo muito interessante, sobre uma especialidade, a cenografia cinematográfica, escrito por um arquiteto, no qual discute as mudanças que serão provocadas no âmbito das profissões. Afinal, a cenografia tira de cena muitos designers e arquitetos para incluir "operadores da computação", como assim se refere Pasqualino Magnavita.

Vemos que as tecnologias da computação interferiram nos mais variados campos e, muito provavelmente, irá modificar a forma de "olhar", como, de fato, a cada década que se passou podemos perceber. E o autor deste artigo vai discutir a "visão de mundo" que uma técnica é capaz de produzir.

Aí, lembrei do que aconteceu hoje na sala de aula onde eu trabalhava. Um professor de uma escola de cursos divulgou, principalmente, o privilégio dos alunos se matricularem e ter um curso de Sony Vegas, que é um programa para editar video e audio que ele enfatizou ser usado na TV.

São tecnologias assim que muitos aprendem a executar mas não aprendem a olhar!

Lamento se o desconhecimento de outras técnicas, de outras formas de olhar, da "história do olhar" se mantiver para essa maioria que tanto busca entretenimento e técnicas espetaculares!

Esperamos que haja uma GERAÇÃO 3D aquém da "realidade virtual", que saiba refletir sobre os olhares produzidos na história da humanidade até então para proporcionar um novo olhar, uma nova visão de mundo.

Afinal, somos complexos, e o reducionismo que impera quando há opiniões sobre o certo e o errado quanto aos relacionamentos amorosos, quanto à sexualidade, quanto ao trabalho, ou ao consumo só tem provocado assassínios simbólicos, a exemplo dos mais diversos preconceitos.

E se essa "viagem" 3D vir logo para essa TV que temos, medo da aproximação dos "Brothers" rsrs

Algo legal aqui também Revista O Grito

domingo, 14 de fevereiro de 2010

PRONTO FALEI!!! Insistindo em dizer que a lei anti-fumo é FASCISTA!



Cansada de imposições que (pre)vejo sendo aceitas pela maioria da população...

Imposições muitas vezes veladas por fortes argumentos moralistas que não vou apontar aqui por economia de tempo, mas resumo na intenção destes argumentos que são: FAÇA ASSIM, POIS ASSIM É O CERTO, É O MAIS CORRETO! Quando não: DEUS ASSIM DISSE, DEUS ASSIM QUER!

No entanto, não presencio questões básicas serem faladas e colocadas em prática, como, AME E RESPEITE OS PRÓXIMOS, SEUS IRMÃOS, OS MAIS IDOSOS! Ou ainda: TENHA PIEDADE! Questões básicas de uma sociedade cristã, tal é a nossa, tal é assim aceita pela maioria: CRISTÃ!

Mas, mais uma vez, no entanto, tenho me indignado um tanto, pois sou professora em escolas estatais no ensino médio, e me considero, então, uma comunicadora, então, mais uma vez então, me indigno MESMO, E FALO!!!

Não é possível que a maioria aceite a proliferação de discursos fascistas expressos em lei como a anti-fumo, quando não estão expressando, pejorativamente, palavras contra as lutas dos direitos dos homossexuais serem tratados como qualquer outros seres humanos: CASAMENTO, por exemplo. Se não tocar em direitos civis, basta o direito de expressar afeto.

Infeliz me senti ao ouvir essa semana alunos (VÁRIOS ALUNOS) argumentarem que os gays que se beijam em qualquer lugar não têm vergonha na cara!! Que ser gay é pura safadeza!

Ai, que difícil tarefa comunicar, pacientemente, e saber que o trabalho de formiguinha, muitas vezes, não atinge 0,01% dos alunos com os quais me relaciono.

Mas, palavras indignadas a parte, não pareço sempre indignada não! Eles poderão dizer isso por mim! Sabem por quê?!

Comédia tem feito sucesso certo?! Hermanoteu estará em Maringá! Marco Luque é adorado! E admiro muito essas pessoas criativas que além de sucesso estão comunicando novas formas de olhar mesmo!

Tenho admirado o trabalho do CQC por exemplo!

E seguirei com o princípio que adotei há 1 ano: NÃO LEVE A VIDA TÃO A SÉRIO! Mas no sentido de fazer dos temas políticos, fazer das discussões seríiiiiiissimas sobre os direitos civis no MUNDO, algo que deva ser cotidianamente pensado!!! E se pensar em coisas sérias podem ser incitadas por meio de comédia, farei!!

Vou tentar não ofender com as ironias básicas que, espontaneamente, escapam da minha língua!

Ah!!! PRONTOFALEI!!! Incitada depois de ler alguns textos sobre a lei anti-fumo no ORDEM LIVRE, passem lá, parece ter bons comunicadores! Acabo de conhecer!

Ainda o anti-tabagismo estatal

Ainda o anti-tabagismo estatal

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Condenada por uma careta | OrdemLivre.org

Condenada por uma careta | OrdemLivre.org

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